
Samba como lugar por Rodrigo Campos
Em 2005, aproximadamente, tentei fazer meu primeiro disco. Já havia lançado em 2003 um disco chamado “Urbanda”, em que dividia a autoria com outros quatro artistas: Luisa Maita, Morris Piccioto, Douglas Alonso e Marcos Paiva. Achei que seria o momento de arriscar um primeiro trabalho solo. Ainda muito ligado ao samba, fui pro estúdio pra gravar as bases sozinho: violão, cavaco e percussão. Já estavam ali algumas músicas que estariam no “São Mateus...”, que viria a ser, de fato, meu primeiro disco. Enveredei na empreitada imbuído de um espírito de confiança que se esvaiu ao final do primeiro dia, quando escutei o resultado. Me deparei com minha falta de experiência, não sabia nem identificar o que estava errado, mas entendi que não conseguiria fazer esse disco dessa maneira. Três anos depois entraria novamente em estúdio, dessa vez guiado pela experiência e talento do genial Beto Villares, iniciando assim minha discografia solo.
Os anos se passaram, fiz outros discos, mas aquele, que seria meu primeiro, interrompido pela minha inexperiência, nunca me saiu da cabeça. Volto a ele agora, 13 anos depois, e, confrontando o medo gerado na escuta daquele fatídico dia de gravação em 2005, avanço até o fim. Aquele processo almejado, em que gravaria as bases sozinho, se mostrou eficiente enfim. Ainda conto com parceiros inestimáveis, como Carlos “Cacá” Lima, por exemplo, na engenharia de som, mas pude caminhar e chegar ao que posso chamar de meu primeiro disco de sambas. Alguns amigos tem me perguntado se existe um lugar, como em outros trabalhos (São Mateus, Bahia, Japão), e tenho respondido que, se existe, o lugar é o próprio samba. Talvez o único lugar onde eu ainda acesse a criança em mim, ao lembrar quando batucava os baldes da minha mãe ao lado dos amigos de infância, Bimba e Sidnei, nas esquinas de São Mateus, antes da complexidade que a vida tem se tornado.
Me despeço com um trecho de uma das letras, em que esse lugar ganha um pouco de forma:
"Ouro, pedra, esplendor
Casa velha, meu jardim
Um indício, outro amor
Sobrevive tudo em mim
Não desejo assim
Feriado Nacional
O menino esteve aqui
Não falou, mas vai voltar
Disse: “nada tem um fim
Tem outro estopim”
Lorem ipsum dolor siter amet mundium corpes illon tolves lorem ipsum dolor. Quisque nec est id ante consectetur tristique. Suspendisse potenti.